Mãe de Carlinhos celebra Dia das Crianças em abrigo no Recife

Mãe de Carlinhos celebra Dia das Crianças em abrigo no Recife

Sem ver o filho há quase um ano, a fisioterapeuta Cláudia Boudoux, mãe de Carlos Attias Boudoux, o Carlinhos, 9 anos, passa o primeiro Dia das Crianças longe do pequeno. Ela não tem contato com o filho desde que o empresário Carlos Attias, pai do garoto, o levou para a Argentinasem autorização. Distante, decidiu celebrar a data em um abrigo para crianças no Recife.

Cláudia conta que lembrou de Carlinhos todo momento que esteve na instituição. “Eu fiz uma campanha no meu consultório e arrecadei brinquedos e donativos. Fizemos uma festa para entregar. Já que não posso dar um presente para o meu filho, dou para essas crianças que estão precisando”.

Lindo e triste. É assim que ela define o que sentiu durante a visita ao abrigo. Longe do filho há 10 meses, ela recordou que a data era sempre comemorada com muita alegria em casa. “Íamos para praia, para o parque. Essa felicidade do Dia das Crianças sempre foi construída na minha família. Carlinhos adorava pegar o skate e brincar no parque. É sempre bom ver o sorriso das crianças porque elas têm muito para te ensinar, mas foi muito difícil lembrar que não estava com meu filho”, completou.

Em setembro deste ano, ela preencheu um formulário de seis páginas para dar início ao processo de repatriação do garoto. O documento, que foi entregue ao Ministério da Justiça brasileiro, já foi encaminhado ao Ministério da Justiça argentino.

Caminhando a passos lentos, a previsão inicial repassada pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, era de 30 dias para Carlinhos voltar para casa. Porém, segundo Cláudia, esse assunto não se resolverá nesses 15 dias restante. “Já passamos o documento para o Itamaraty que encaminhou para as autoridades argentinas. Essa burocracia demora um pouco. Agora só me resta esperar que se cumpra o pedido de repatriação”.

Carlos Attias chegou a ser preso sob suspeita de sequestro internacional e a Polícia Federal brasileira ainda emitiu um pedido de extradição para ele. Já Carlinhos, encaminhado para uma casa de apoio à criança em Buenos Aires e aguardava a presença da mãe para buscá-lo.

Entretanto, o caso sofreu uma reviravolta. Horas depois de viajar para o país vizinho para buscar o filho, Cláudia soube que a Justiça argentina havia libertado o empresário e garantido a ele a guarda do garoto. Orientada pelas autoridades brasileiras a ter cautela, a fisioterapeuta retornou ao Brasil sem, ao menos, ver o filho.

Enquanto o processo de repatriação não é concluído, só resta a Cláudia esperar. “Estou orando muito a Deus porque minha vida desmoronou depois dessa reviravolta. Tive que procurar um psicólogo porque está sendo muito difícil para mim tudo isso. É pedir muita ajuda a Deus porque é difícil”, desabafa.