Geração de emprego desacelera em Ipojuca e gera impactos no comércio

Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco, já foi campeão na geração de emprego, mas vem atravessando dificuldades. Somente no ano passado, mais de 22 mil vagas de trabalho foram fechadas, e as demissões trazem reflexo no comércio, como mostrou o NETV 2° Edição, nesta terça-feira (17).

A Agência de Trabalho de Ipojuca já teve mais de cem vagas para oferecer, mas o número reduziu drasticamente. “Atualmente, a Agência está com apenas 16 vagas abertas e a maioria delas está sendo para turismo, porque em Suape, depois desse problema que está tendo com a Petrobrás, realmente reduziu bastante as vagas, está quase sem nenhuma aberta lá”, disse o coordenador da Agência do Trabalho de Ipojuca, Lucas Penteado.

O serviço que está sendo mais procurado é o seguro desemprego. Só no mês de fevereiro, foram 773 pedidos. Quem procura um novo trabalho está preocupado. “A gente vê muita gente à procura de emprego, mas as vagas são poucas para o número de pessoas que estão desempregadas no momento”, lamentou a vendedora Ana Cléa de Lima.

A economia de Ipojuca foi a que mais cresceu em Pernambuco nos últimos anos. Em 2012, o Produto Interno Bruto chegou a R$ 11 bilhões. No ranking do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostra as cidades que mais arrecadam no País, está na posição de número 55. No entanto, nos últimos meses, o quadro começou a mudar, e o que assusta é o desemprego.

Em janeiro, Ipojuca fechou o mês com saldo negativo da criação de empregos. O número de demissões foi maior que o de contratações. De acordo com o Ministério do Trabalho, essa diferença é de 4.300 vagas. Esses dados seguem a tendência de todo o ano de 2014.

O Ministério do Trabalho informou que, entre janeiro e dezembro, enquanto 26.265 pessoas foram contratadas, outras 48.647 perderam o emprego, ou seja, 22.382 vagas foram fechadas. Só na construção civil, o ano terminou com 7.795 vagas a menos. No setor de serviços, foram fechadas 7.628 vagas. A indústria de transformação teve uma redução de 5.381 vagas e no comércio foram 1.523 postos de trabalho a menos.

A chefe da seção de inspeção do trabalho da Gerência Regional de Ipojuca, Aline Amoras, analisa que as demissões são o resultado do fim das obras no Porto de Suape. “Eu acredito que essa seja uma movimentação natural, porque todo o aumento da geração de postos de trabalho coincidiu com a expansão do Complexo Portuário de Suape. De 2000 a 2010, por exemplo, a população de Ipojuca cresceu a uma taxa três vezes maior que a de Pernambuco. Agora, a gente vê uma finalização dessas obras e uma movimentação desses trabalhadores em direção a outros municípios, ainda dentro de Pernambuco, que absorvam a mão de obra para construção civil, ou mesmo o retorno desses empregados ao estado de origem”, explicou.

Se o desemprego aumentou, as pessoas estão sem dinheiro para comprar e isso reflete, diretamente, no comércio. O ano de 2014 registrou uma baixa nas vendas de 35% em relação a 2013. Neste ano de 2015, de acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas, a situação está ainda pior. No centro de Ipojuca, as lojas estão vazias. “De janeiro para cá, nós estamos, praticamente, parados. Alguns segmentos têm um movimento, como na área de alimentação, mas as demais, confecção e calçados, estão paradas. Com a desativação de algumas empresas, o pessoal está indo embora, consequentemente está refletindo no nosso comércio”, afirmou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Ipojuca, Cláudio Duarte.

Apesar dos números ruins, de acordo com a Agência Condepe-Fidem, que faz estudos ligados ao desenvolvimento do estado, a tendência é que nos próximos meses a situação comece a melhorar. “Nós temos algumas indústrias, alguns setores que estão bem ligados à Suape que já estão começando a apresentar uma desaceleração. Porém, novas outras indústrias estão vindo para a região, justamente por conta do início da operação da refinaria. A nossa expectativa é que se equilibre a balança. Então, no balanço geral, em termos de emprego e desemprego, nós consigamos se estabilizar, não sejamos tão impactados com essa crise”, disse o presidente do Condepe-Fidem, Flávio Figueiredo.