Motorista é indiciado por homicídio culposo por morte de universitária

Motorista é indiciado por homicídio culposo por morte de universitária

A Polícia Civil concluiu o inquérito que apurou a morte da estudante Camila Mirele, de 18 anos, após cair de um ônibus no Recife, no dia 8 de maio. O resultado foi apresentado nesta segunda-feira (24). O motorista do veículo foi indiciado por homicídio culposo na direção de veículo automotor, com o agravante de se tratar de veículo de transporte de passageiros – segundo a polícia, ele abriu a porta com o ônibus em movimento, provocando a queda da jovem. A investigação apontou também que Camila entrou indevidamente no coletivo, pela porta do meio.

Também foi constatado que o ônibus envolvido no acidente era de 2014 e possuia o sistema ‘anjo da guarda’, que impede a abertura da porta quando em movimento. No entanto, o mecanismo estava desativado no momento do acidente. ”A fiação foi cortada com conhecimento técnico porque quem fez sabia exatamente os cabos que cortavam o sistema de velocidade e aceleração do ônibus. O próprio condutor disse que tinha esse conhecimento, de que o sistema estava interrompido. Ele tinha a condição de ver isso, tinha a informação que o ônibus estava superlotado e que o sistema anjo da guarda estava desativado. Mesmo assim, com a velocidade de 50 km/h em uma área de estudantes, acionou a porta”, explicou o perito Sérgio Almeida.

O acidente aconteceu na BR-101, no Recife, por volta das 18h20. A estudante, que cursava biomedicina na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi até a parada de ônibus em frente ao Hospital das Clínicas, na BR-101, próximo à universidade, acompanhada dos colegas, e pegou o ônibus da linha Barro/Macaxeira (BR-101), para voltar para casa.

Segundo a polícia, o ônibus que Camila Mirele pegou estava com excesso de passageiros, então a jovem e seus colegas entraram de forma indevida, pela porta do meio. Por ter sido a última a subir, a jovem ficou no último degrau e a porta do ônibus, ao fechar, deixou sua mochila presa. As imagens da queda não foram registradas pela câmera interna do coletivo. “Apesar do condutor ter negado no interrogatório que ele teria praticado o ato, ficou evidente nos outros depoimentos de testemunhas e em circunstâncias contraditórias do depoimento inicial dele, nós conseguimos provar que o condutor foi o autor da abertura da porta”, comentou Nelson Motta, delegado.

Ainda segundo a polícia, o ônibus realizou um pequeno percurso e o motorista abriu a porta do coletivo ainda em movimento, o que fez com que a estudante caísse. Por meio do exame realizado pelo Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife, ficou constatado que a queda provocou diversas lesões — Camila sofreu politraumatismo, o que causou uma hemorragia interna, rotura e perfuração de órgãos. A jovem chegou a ser socorrida pelos Bombeiros e foi levada para o Hospital Getúlio Vargas, onde faleceu.

Ao todo, a polícia ouviu 14 pessoas: testemunhas que estavam no ônibus, os pais da jovem, além do motorista e cobrador do ônibus envolvido no acidente. À polícia, o motorista contou que abriu a porta do ônibus em movimento. Para a polícia, a conduta dele foi imprudente e de negligência quanto ao transporte dos passageiros em segurança. Se for condenado, ele pode pegar uma pena que varia de 2 a 4 anos.