Saiba mais sobre doação de órgãos

Um doador de órgãos e tecidos pode beneficiar até sete pessoas. Coração, pâncreas, rim, fígado e córneas de um paciente que veio a óbito podem fazer a diferença na qualidade de vida de alguém que luta contra o tempo na fila de espera da Central de Transplante de Pernambuco (CT-PE). Contudo, um dos entraves para tornar a doação uma realidade é a negativa familiar: em cerca de 50% dos casos, as potenciais doações acabam não ocorrendo pela resistência dos parentes.

“Entre os motivos da negativa familiar, está o desconhecimento da população sobre a morte encefálica e sobre a integridade do corpo após a doação. Precisamos informar que o diagnóstico de morte encefálica segue um rígido protocolo na sua confirmação e que a família receberá o corpo do ente querido íntegro. Como a doação só ocorre com a autorização de um familiar de até segundo grau, de acordo com a legislação brasileira, precisamos difundir esse tema; tirar dúvidas, mitos e preconceitos; e saber que esse ato pode salvar muitas vidas”, afirma a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes.

DADOS – De 1995 a fevereiro de 2016, a CT-PE conseguiu tornar realidade mais de 16 mil transplantes. Com 110 transplantes realizados em 1995, os números foram crescendo ano a ano, chegando a 1.690 procedimentos em 2012. Desde então, os dados vem decrescendo, com 1.347 transplantes computados em 2015. “Precisamos refletir: e se fosse com você ou com algum parente, a doação de órgãos não seria um problema seu?”, indaga a coordenadora da CT-PE.

ESPERA – Atualmente, 1.233 pessoas estão na fila de espera por pâncreas/rim (2), coração (10), medula óssea (26), fígado (72), córnea (287) e rim (836).

RANKING – De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), em 2015, Pernambuco encontra-se no primeiro lugar no Norte/Nordeste no número de transplantes de coração, rim e medula óssea. No Brasil, o Estado fica no segundo lugar de coração e medula óssea, atrás apenas de São Paulo.

PASSO A PASSO – O primeiro passo para o transplante deve ser dado pela pessoa que deseja ser doador, ao informar à família sobre sua intenção de doar. No caso de morte encefálica do paciente (o cérebro morre, mas o coração permanece batendo por algumas horas), os parentes devem procurar o médico responsável para expressar o desejo de doação. As equipes de captação de órgãos dos hospitais também conversam com as famílias para sensibilizar sobre a causa. Segundo a legislação de transplantes no Brasil, a doação de órgãos só pode ser feita se um familiar de até segundo grau autorizar.

A partir da assinatura do termo de autorização, a Central encaminha o órgão para um receptor compatível obedecendo a ordem da lista única do Estado. A decisão deve ser rápida, para que o transplante seja bem-sucedido. Vale salientar que o corpo do doador não fica mutilado e que a idade não determina se alguém pode ou não ser um doador.

MEDULA ÓSSEA – Além da doação de órgãos após a morte, em vida, é possível ser doador de medula óssea. Para isso, basta fazer o cadastro no Hemope, onde é feita a coleta de uma pequena amostra de sangue para os testes de compatibilidade. Caso haja compatibilidade com alguém de qualquer lugar do Brasil ou do mundo, novos exames confirmatórios são realizados antes que seja feita a doação.

DOAÇÃO INTERVIVO – No caso do rim, além do doador diagnosticado com morte encefálica, a doação também pode ser feita por um doador vivo, como previsto na legislação brasileira. Nesse caso, é necessário ter um grau de parentesco com o receptor de até quarto grau – primo legítimo.

“Também é necessário fazer um teste de compatibilidade. Se for compatível, o doador passa por uma série de exames para que essa doação não traga nenhum malefício a sua saúde”, avisa Noemy Gomes. Essa é a única modalidade de transplante que o órgão é direcionado especificamente para uma pessoa, que, mesmo assim, deve estar inscrita na fila da Central de Transplantes.

 

Secretaria Estadual de Saúde – PE